Fundamentando o uso da bebida e do fumo na Umbanda
O uso do fumo e da bebida na Umbanda é profundamente simbólico e tem raízes antigas.
Vamos explorar alguns aspectos importantes:
Fumo na Umbanda: Além da Materialidade
O fumo é utilizado na Umbanda como um meio de descarrego, atuando sobre os chacras dos consulentes.
Ele é um componente essencial para defumação, combinando o fogo e a fumaça para eliminar campos magnéticos negativos.
As entidades da Umbanda utilizam ervas, juntamente com os elementos água, fogo e ar, para realizar suas magias e defumações.
Esse processo destrói larvas astrais, miasmas e energias negativas que prejudicam a aura do consulente.
O fumo possui características vegetais e energéticas, contendo substâncias importantes como sais minerais, hidrogênio, oxigênio, fósforo, potássio, nitrogênio e vitaminas, absorvidas do solo e do meio ambiente, além da energia solar e lunar.
Por isso, ele condensa uma forte carga energética que é liberada durante a queima.
Observando as entidades incorporadas, podemos notar que, enquanto fumam, elas constantemente expelem baforadas de fumaça de seus cachimbos, charutos ou cigarros sobre o consulente.
Elas não inalam a fumaça, apenas enchem a boca e a expelem sobre o consulente ou no ar.
Nesse momento, está sendo realizado um verdadeiro passe, onde a defumação se combina com o sopro para limpar energeticamente a aura ou períspirito da pessoa.
Bebida na Umbanda: Celebração e Troca de Energias
As bebidas alcoólicas ingeridas pelos médiuns já incorporados não têm o propósito de alterar o estado de consciência ou induzir ao transe.
Se essa fosse a intenção, o álcool deveria ser consumido antes da manifestação mediúnica, e não após.
O álcool ingerido serve a outros propósitos que não a embriaguez ou a alteração dos estados de consciência. “Mas se não tem essa finalidade, por que deve ser ingerido e não apenas estar presente no ponto ou no chão?”
Alguns podem questionar. Primeiramente, devemos lembrar que o álcool ingerido é eliminado prioritariamente pelo sistema respiratório, ou seja, pelos pulmões.
Quando o álcool é absorvido pelo organismo, a maior parte dele é expelida pela respiração.
É por isso que o bafômetro pode detectar quem ingeriu álcool e em qual quantidade. Assim, quando um médium incorporado toma a bebida alcoólica, ela começa a ser eliminada pelos pulmões.
E o que as entidades fazem? Elas não dão sopros ou baforadas para limpar e ajudar a assistência? Não administram vibrações, passes e sopros durante as consultas?
Nesse momento, o astral manipula o álcool para criar as condições necessárias para a limpeza, materialização ou desmaterialização.
Então, a entidade incorporada começa a soprar e dar baforadas nos consulentes, criando as condições materiais e astrais para a realização da magia da Umbanda, sob o axé e a graça dos Orixás.
É importante ressaltar a relevância do sopro. Em um mito, Nanã deu o barro para Obatalá moldar os humanos.
Protegido e assistido por Exu, Obatalá moldou e deu forma ao homem e à mulher, mas foi Olorum quem deu a vida, o espírito, com seu sopro.
Uma história semelhante é encontrada na Bíblia, no livro do Gênesis, onde Deus fez o homem do barro e com o sopro lhe deu vida.
Alquimistas e muitos cientistas dos séculos passados acreditavam que o sopro era a fonte de vida, chamando-o de essência vital, sem a qual não haveria vida.
Pajés em suas curas sempre fazem uso do sopro. Pais e mães, quando um filho se afoga ou se machuca, logo assopram suas crianças para ajudá-las.
Isso demonstra que é pelo sopro que passamos nossa energia vital, nossa vontade e nossas energias curadoras.
Esse ato, aliado ao álcool que cria as condições materiais e etéricas para a cura, junto aos elementais, às energias da natureza, ao ectoplasma dos médiuns e à energia astral dos Guias e dos Orixás, é como a Umbanda realiza seu trabalho.
Enfim, o álcool é um dos fundamentos da Umbanda e é amplamente utilizado na magia e nas mirongas.
Equilíbrio e respeito
O uso de fumo e bebida deve ser feito com equilíbrio e reverência.
Esses elementos são veículos de energia e devem ser manuseados com cuidado.
Em meio às fumaças e brindes, a Umbanda revela uma riqueza simbólica que transcende o plano material.
Fumo e bebida, quando empregados com sabedoria, tornam-se ferramentas poderosas de conexão espiritual.
Compreender o porquê do uso e combater o preconceito em relação a ele, só engrandece nossa força e traz respeito aos fundamentos e à maneira de fazer caridade da Umbanda.